O Que é Psicografia?
No capítulo XV do Livro dos Médiuns, o autor Allan Kardec
nos explica que de todas as formas de comunicação entre os encarnados
(espíritos no corpo físico) e o plano espiritual (os diversos mundos
espirituais onde residem os espíritos), a escrita manual dos espíritos pela mão
do médium é a mais simples, a mais cômoda, e sobretudo a mais completa.
No referido capítulo, Kardec aconselha que “todos os
esforços devem ser feitos para o seu desenvolvimento, porque ela permite estabelecer
relações permanentes e regulares com os espíritos como os que mantemos entre
nós. Tanto mais devemos usá-la, quanto é por ela que os espíritos revelam
melhor a sua natureza e o grau de perfeição ou de sua inferioridade. Pela
facilidade com que podem exprimir-se, dão-nos a conhecer os seus pensamentos
íntimos se assim nos permitem aprecia-los e julga-los em seu justo valor. Além
disso, para o médium essa faculdade é a mais suscetível de se desenvolver pelo
exercício”.
É bom lembrar que a maior parte da codificação organizada
por Allan Kardec foi baseada na psicografia, revelações escritas por médiuns em
diversas partes do mundo, e que esclareceram as dúvidas do pesquisador sobre as
relações entre os mundos material e espiritual, principalmente durante o
processo de elaboração de O Livro do Espíritos, primeira publicação de Kardec
definindo as bases do Espiritismo.
Uma das formas mais antigas de comunicação, a psicografia,
entretanto, não surgiu na época de Kardec. Na história da Humanidade
encontram-se registros de comunicação espiritual através da escrita nas mais
antigas civilizações, embora muitos dos médiuns do passado não tivessem
consciência da própria mediunidade, muito menos da origem do conteúdo de seus
manuscritos.
Mas é a partir de Kardec que este tipo de comunicação ganha
mais força. No Brasil, através do trabalho de divulgação da obra de Francisco
Cândido Xavier (Chico Xavier) é que veremos as mais notáveis mensagens, muitas
delas reproduzidas nos livros assinados pelo médium. Isso sem mencionar a
grande obra original escrita por Chico, composta por mais de 400 livros todos
psicografados.
Em meados do ano de 2005, os mentores espirituais do Centro
Espírita Ana Vieira comunicaram que a Casa estava pronta para implantar um
trabalho de psicografia. Atendendo à solicitação dos mentores, foi realizado,
durante todo o ano de 2006, um treinamento mediúnico voltado para o exercício
da psicografia, em que foram convidados todos os tarefeiros do Centro que
desejassem desenvolver este tipo de mediunidade. No ano seguinte, o treinamento
de psicografia foi separado do treinamento mediúnico, já com a participação de
um grupo de médiuns com maior facilidade na comunicação escrita.
Ao mesmo tempo em que treinava uma equipe para implantar
esse trabalho, os dirigentes do Centro Espírita Ana Vieira (CEAV) buscaram
instruções de como implantar este trabalho, baseando-se na experiência de
outras Casas onde esta tarefa já estava implantada.
“Nosso objetivo é aliviar as saudades que as pessoas sentem
com a separação dos seus entes queridos, e mostrar a todos que a morte não
existe, que continuamos vivos, e que um dia vamos nos reencontrar”, explica
Ruth Passos, diretora do Departamento Espiritual do Centro Espírita Ana Vieira.
A psicografia, ao mesmo tempo que atende aos anseios do público em busca de
notícias de seus entes queridos que já partiram para a espiritualidade, ajuda
nas tarefas de comunicação com o plano superior.
Apesar de aparentemente se tratar de uma tarefa simples, a
psicografia exige muito treinamento e, acima de tudo, conhecimento da doutrina
espírita, sem mencionar a necessidade de uma vigilância constante do médium,
através da prática de um boa conduta, reforma interior baseada nos princípios
da caridade moral, entre outras ações que auxiliam o tarefeiro estar sempre
sintonizado com os bons espíritos.
Embora o treinamento mediúnico de psicografia seja realizado
semanalmente na Casa, o atendimento público, por enquanto, está restrito a um
dia por mês. Todos os meses, o Centro realiza um trabalho aberto que, apesar de
não haver o contato direto com os médiuns, o público tem como solicitar
mensagens de seus entes queridos. Qualquer pessoa pode solicitar uma mensagem,
desde que tenha alguma afinidade com o espírito, fazendo parte da família ou
sendo um amigo muito íntimo.
Para isso, há necessidade de comparecer pessoalmente numas
das datas marcadas para a Cerimônia de Psicografia Pública ( clique aqui para
ver as datas programadas para o ano ) e preencher uma ficha com os dados
básicos do desencarnado. No mesmo dia, a ficha é levada aos médiuns psicógrafos
da Casa para uma sintonia com o plano espiritual.
Feito este contato prévio, uma equipe espiritual dedicada à
este trabalho busca, entre os milhares de espíritos na erraticidade, o ente
querido cujas condições de comunicação ainda não se sabe se poderão ser
estabelecidas numa primeira solicitação.
Caso o espírito esteja lúcido diante de sua nova realidade e
desejoso de enviar uma mensagem ao solicitante, o plano espiritual o traz no
dia da psicografia, facilitando a sua seleção na concorrência, entre centenas
de espíritos, desejosos de enviar uma mensagem. Nesta oportunidade facilitada
pelo plano espiritual, o espírito é convidado a se comunicar diretamente
através da escrita, ao mesmo tempo em que vê a presença de seu ente querido
aguardando pela mesma no salão da Casa. Uma ocasião que dificilmente se repete
em outras tarefas, já que é muito difícil que um espírito e um encarnado
marquem data e local para um reencontro no plano terrestre, com a disponibilidade
de um médium para a facilitar a mensagem.
Muitas vezes o processo se dá ao contrário. O ente
desencarnado (falecido) é quem encontra a casa espírita e intui o seu parente
para que o encontre no centro num determinado dia. É por esse motivo que muitas
pessoas acabam encontram o Ana Vieira por uma razão quase intuitiva, sem saber
que na verdade estão vindo por intuição de seus entes queridos. Esta intuição
acontece mais frequentemente durante o sono, e muitas vezes as pessoas acordam
sem lembrar do encontro que tiveram com estes espíritos.
Apesar de seguirem todas as orientações da Casa, muitas
pessoas não recebem mensagem. “Nem todos recebem, como dizia Chico Xavier, o
telefone toca de cima para baixo”, diz Ruth, lembrando que a comunicação se dá
única e exclusivamente por vontade do espírito, do plano espiritual para o
plano terrestre, e jamais por invocação do solicitantes. Ruth acrescenta que
existem as mais diferentes razões para não ocorrer uma comunicação. A mais
comum, entre elas, é a que o espírito não está em condições psíquicas para
fazê-lo neste momento.
“São vários motivos, como por exemplo, um espírito que pode
estar em tratamento, não tendo condições de mandar mensagens. Existem muitas
razões, só lendo os livros da codificação de Allan Kardec, e estudando é que
vamos entendendo o porque. Devemos sempre orar por eles, lembrar das coisas
boas que passaram juntos, não ficar chorando ou se lamentando, pois isto só
lhes farão muito infelizes. Eles ficam felizes quando os seus familiares estão
procurando se esclarecer através do estudo, trabalhando na caridade, lembrando
sempre que todos pertencem a Deus, e que para Deus todos voltarão.
Allan Kardec nos explica no capítulo XV do Livro dos
Médiuns, que na psicografia existem várias modalidades de mediunidade:
mecânica, semimecânica, intuitiva, etc. No médium puramente mecânico, por
exemplo, o movimento da mão independe de sua vontade, funcionando como uma
máquina. Já o médium semimecânico participa de ambos os gêneros, sente que na
sua mão uma impulsão é dada, mas ao mesmo tempo tem consciência do que escreve à
medida que as palavras se formam. No médium intuitivo, por sua vez, o movimento
é voluntário e facultativo, ele age como faria um intérprete. No primeiro, o
pensamento vem depois do ato da escrita, no segundo, precede-o e no terceiro
acompanha. Segundo Kardec, estes últimos tipos de médiuns são os mais
numerosos.
“O espírito livre, neste caso, não atua sobre a mão, para
faze-la escrever, não a toma, não a guia, atua sobre a alma com a qual se
identifica, a alma do médium sob esse impulso dirige a mão e esta dirige o
lápis”, diz Kardec, acrescentando que “em tal circunstância o papel do médium
não é de inteira passividade, ele recebe o pensamento do espírito livre e
transmite. Nessa situação, o médium tem consciência do que escreve, embora não
exprima o seu próprio pensamento, é o que chamamos de médium intuitivo. É
possível reconhecer-se o pensamento sugerido, por não ser nunca preconcebido,
nasce na medida que a escrita vai sendo traçada. Pode mesmo estar fora dos
limites do conhecimento e capacidade dos médiuns”.
Ruth Passos explica que na casa há diferentes tipos de
médiuns, e que algumas pessoas estranham a letra da mensagem, a forma de
expressão do espírito, mas em alguns casos reconhecem as semelhanças no
tratamento de nomes próprios, como apelidos ou na assinatura final da mensagem.
“Temos mais médiuns intuitivos e semimecânicos na casa. Normalmente a letra da
tradução é do médium, às vezes é finalizada de forma semimecânica com
assinatura que o espírito usava quando encarnando”, esclarece.
Espíritos que estão desencarnados há muito tempo se
expressam em termos diferentes, primeiro porque já não têm as mesmas atitudes e
formas de pensamento de quando estavam encarnados, e segundo, que a mensagem
enviada por meio de uma intuição ao médium altera a forma de expressão didata
pelo espírito, o que causa uma estranha sensação para aquele parente ou amigo
solicitante, que estava acostumado com a forma de falar do desencarnado.
O importante, entretanto, é o conteúdo da mensagem, e se o
solicitante prestar atenção em detalhes do texto, perceberá expressões ou
informações que somente o espírito poderia transmitir ao médium, intérprete que
nunca o conheceu em vida.
No trabalho de psicografia realizado uma vez por mês no
Centro, o solicitante preenche uma ficha com os dados do desencarnado apenas
como uma forma de “entrevista” com representantes do plano espiritual presentes
no local, incumbidos de localizar o espírito. Feito este contato prévio, a
equipe espiritual estabelece o contato com o ente querido ou o seu mentor
espiritual, que pode ser um espírito amigo do desencarnado (anjo da guarda) ou
um parente próximo desencarnado há mais tempo, como pais, avós, etc.
Muitas vezes, a mensagem psicografada que vem pela primeira
vez é justamente de um mentor espiritual (parente já falecido ou amigo
espiritual, a quem muitos preferem chamar de “anjo da guarda”), pois o
desencarnado não ainda não está pronto para estabelecer um contato com o
médium. É bom sempre lembrar que a comunicação mediúnica entre os dois mundos exige
treinamento de ambos os lados.
O solicitante que não recebeu a mensagem no dia, pode,
entretanto, retornar a casa em outras datas com a mesma ficha, trazendo sempre
o amor e a esperança no coração.
É importante lembrar que no plano espiritual o tempo é
diferente do nosso tempo aqui na Terra. Alguns desencarnados levam anos para
entender sua nova realidade, enquanto outros mais espiritualizados compreendem
sua nova situação com maior rapidez. Todos nós somos espíritos com diferentes
graus de evolução e devemos entender e respeitar o tempo de cada indivíduo na
compreensão do seu papel nas diversas encarnações no planeta. Portanto, alguns
espíritos tem maior facilidade de entendimento e se comunicam rapidamente com
seus entes queridos, enquanto outros podem levar muitos anos.
Além disso, existem outras possibilidades a serem
consideradas, como espíritos que já estão em plena tarefa no mundo espiritual
sem tempo para enviar mensagens aos “parentes” da última encarnação, ou que
possivelmente já tenham reencarnado, numa oportunidade rara de restabelecer
relações de amor com os parentes que ainda estarão na Terra quando ele ou ela
estiverem juntos novamente.
Clique aqui para ver as datas programadas para este ano
Livros indicados sobre o tema:
O Livro dos Espíritos de Allan Kardec
O Livro dos Médiuns de Allan Kardec
Nosso Lar de Francisco Cândido Xavier
Missionários da Luz de Francisco Cândido Xavier
Nos Domínios da Mediunidade de Francisco Cândido Xavier
Jovens no Além de Francisco Cândido Xavier
Devassando o Invisível de Yvone A. Pereira
História do Espiritismo de Athur Conan Doyle
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