A LIBERDADE
Joanna de Ângelis
Ardorosos propagandistas
da liberdade ateiam o fogo da revolução, propondo a destruição dos impositivos
escravagistas, fomentando lamentáveis guerras de extermínio, em cujos campos
juncados de cadáveres são hasteadas as bandeiras dos "direitos dos homens".
Sinceros lidadores do
bem, apiedados da situação dos escravos submetidos a hediondo jugo, por
preconceito de cor, de raça, de religião, estimulam os ideais de liberdade,
arrojando fora as cangas impiedosas da dominação arbitrária, muitas vezes
doando a própria vida em favor da causa que abraçam.
Diplomatas infatigáveis
exaurem-se em tentativas de acordos pacíficos, lutando tenazmente para
arrancar da servidão povos minoritários e nações esfaceladas pelas lutas
intestinas ou alienígenas, restaurando-lhes a liberdade.
Economistas cuidadosos e
sociólogos abnegados trabalham afanosamente, conquistando para os diversos
povos da Terra a liberdade através do equilíbrio da balança financeira
internacional, que ainda padece de monopólios infelizes.
Sanitaristas e
profissionais da saúde mergulham nos laboratórios de pesquisa, buscando
debelar as causas matrizes das doenças que dizimam multidões, oferecendo-lhes
a liberdade de movimento e equilíbrio, na conjuntura carnal.
A liberdade real, no
entanto, transcende aos fatores e circunstâncias ambientais.
Com sabedoria ensinou o
Mestre: — "Buscai a verdade e a verdade vos libertará."
Somente a perfeita
identificação da criatura com o Criador concede-lhe a liberdade plena.
Nos países civilizados,
onde os ideais da liberdade levantaram respeitáveis estados democráticos,
pululam os escravos das ambições inferiores que menoscabam os direitos do
próximo e promovem métodos de abomináveis dependências;
transitam pelas imensas
avenidas do Orbe os dependentes das drogas sob estigmas cruéis;
movimentam-se milhões de
submissos à sexualidade tresvariada, em estados desesperadores;
multiplicam-se os
dependentes de viciações várias a que se entregam, em marcha inexorável para o
suicídio ou a loucura...
Prisioneiros das
necessidades dissolventes não fruem das liberdades humanas, antes, delas se
utilizam, para mais vitalizarem os caprichos e os condicionamentos a que se
jugulam, em alucinadas buscas do prazer extenuante.
Respeita os heróis de
todos os povos, que libertaram as pátrias da subjugação externa,
sacrificando-se pelo ideal que abraçavam.
Luta, no entanto, pela
libertação interior dos algozes que residem no teu mundo íntimo, vencendo com
crueldade os teus propósitos superiores.
Livre é todo aquele que
ama, serve e crê, não se impondo a ninguém e porfiando no combate da luz
contra a treva que tenta obstaculizar a verdade que liberta para sempre.
...E se for necessário
dar a vida física, sob qual condição seja, para que a mensagem do Senhor
atinja as criaturas do teu caminho, alegra-te e doa-a, porquanto morrendo,
nascerás para a vida plena e livre.
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