Em
qualquer época, nos Centros e Terreiros de Umbanda, os banhos tem sido
de grande importância na fase de iniciação espiritual; por isso,
torna-se necessário o conhecimento do uso das ervas, raízes, cascas,
frutos e plantas naturais.
Pequeno Histórico sobre o uso dos Banhos
O
banho é a renovação do corpo e da alma, pois quando o corpo se sente
bem e se acha refeito do cansaço, a alma fica também apta a vibrar
harmoniosamente. Os antigos hebreus já usavam as abluções, que não
deixavam de ser banhos sagrados. Moisés, o grande legislador hebreu,
impôs o uso do banho aos seus seguidores. O batismo nas águas ministrado
por São João Batista, no Rio Jordão, era um banho sagrado. O batismo
nas águas é o primeiro banho purificador do ser humano nos dias de hoje,
pois as crianças são batizadas ainda pequenas.
Os
banhos sempre foram um potente integrante do sentimento religioso, haja
vista os povos da Índia milenar serem levados a banhar-se nas águas do
rio sagrado, o Ganges, cumprindo assim parte de um ritual que, para
eles, é indispensável e sagrado.
Há
em toda a época antiga um Rio Sagrado, no qual os povos iam se banhar
para purificar-se física ou mentalmente. Na África, a água é tida como
de grande poder de força e de magia. Vemos até hoje nos candomblés as
Águas de Oxalá. Águas nos potes e tigelas, além de mirongas com água e
axé. E quem nunca viu ou ouviu falar em lavar com água-de-cheiro as
ESCADARIAS DO SENHOR DO BONFIM, em Salvador na Bahia?
Para
nossos índios, hoje os Caboclos da Umbanda, o banho de Rio era alegria,
prazer, lazer, satisfação e descarga. O rio Paraíba é um rio sagrado
para os Tupinambás. Nele os índios faziam seus rituais secretos.
Tipos de Banhos
Basicamente existem dois tipos de banho, de Descarga/Limpeza e de Energização/Fixação
Banhos de Descarga
É o mais conhecido, e como o próprio nome diz, o Banho de Descarga (ou descarrego) serve para descarregar e limpar o corpo astral ,
eliminando a precipitação de fluídos negativos (inveja, ódio, olho
grande, irritação, nervosismo, etc). Suprime os males físicos
externamente, adquiridos de outrem ou de locais onde estiverem os
médiuns. Este banho pode ser utilizado por qualquer pessoa, desde que
seguindo as recomendações das Entidades/Guias Espirituais ou do seu Pai
ou Mãe de Santo.
Estes
banhos servem para livrar o indivíduo de cargas energéticas negativas.
Conforme vivemos, vamos passando por vários ambientes, trocamos
impressões com todo o tipo de indivíduo e como estamos num planeta
atrasado em evolução espiritual, a predominância do mal e de energias
negativas são abundantes. Todos estes pensamentos, ações, vão criando
larvas astrais, miasmas e etc., que vão se aderindo à aura das pessoas.
Por mais que nos vigiemos, ora ou outra caímos com o nosso nível
vibratório e imediatamente estamos entrando nesta faixa vibratória.
Banho de Descarga com Ervas:
Quando
feito com ervas, as mesmas devem ser colhidas por pessoas capacitadas
para tal, em horas e condições exigidas, entretanto, podem ser usadas
também as adquiridas no comércio (frescas), desde que quem vá usá-las,
as conheça.
Banhos
com essências também devem ser utilizados com cuidado, pois contêm
muita vibração, somente administrados por pessoas capacitadas.
O
banho de descarga mais usado é feito com ervas positivas, variando de
acordo com os fluídos negativos acumulados que uma pessoa está
carregando, e de acordo com os orixás que a pessoa traz em sua cabeça. O
banho de descarga com ervas deve ser tomado após o banho rotineiro, de
preferência com sabão da costa, sabão neutro ou sabão de coco.
Um
banho de descarga não deve ser jogado brutalmente pelo corpo e sim
suavemente, com o pensamento voltado para as falanges que vibram
naquelas ervas ali contidas. Ao tomarmos o banho de descarrego podemos
também entoar um ponto cantado, chamando os guias que vibram com aquelas
ervas ali maceradas.
Ao
terminarmos o banho de descarga, devemos recolher as ervas e
"despachá-las" em algum local de vibração da natureza como, por exemplo,
num Rio (rio abaixo), no mar, numa mata, etc.; Ou até mesmo em água
corrente.
Hoje
em dia há banhos de descarga que são comprados prontos, mas não são
recomendados, pois muitos não são preparados com o rigor que deveriam
ser. Pois para preparar um banho, devemos colher as ervas certas, caso
contrário, não há efeito positivo e/ou completo.
Após
um Banho de Descarga, é aconselhável, que se tome algum Banho de
Energização, com ervas de Oxalá, ou com as ervas do Orixá do médium.
Banho de Sal Grosso:
Este
é o banho mais comumente utilizado, devido à sua simplicidade e
eficiência. O sal grosso é excelente condutor elétrico e “absorve” muito
bem os átomos eletricamente carregados de carga negativa, que chamamos
de íons. Como, em tudo há a sua contraparte etérica, a função do sal é
também tirar energias negativas aderidas na aura de uma pessoa. Então
este banho é eficiente neste aspecto, já que a água em união como o sal,
“lava” toda a aura.
O
preparo deste banho é bem simples, basta, após um banho normal,
banhar-se de uma mistura de um punhado de sal grosso, em água morna ou
fria. Este banho é feito do pescoço para baixo, não lavando os dois
chacras superiores (coronário e frontal).
Após
o banho, manter-se molhado por alguns minutos (uns 3 minutos) e
enxugar-se sem esfregar a toalha sobre o corpo, apenas secando o excesso
de umidade. O melhor é não se enxugar, mas vai de cada um.
Algumas pessoas, neste banho, pisam sobre carvão vegetal ou mineral, já que eles absorverão a carga negativa.
Este
banho é apenas o banho introdutório para outros banhos ritualísticos,
isto é, depois do banho de descarrego, faz-se necessário tomar um banho
de energização, já que além das energias negativas, também
descarregaram-se as energias positivas, ficando a pessoa desenergizada.
Este
banho, não deve ser realizado de maneira intensiva (todos os dias ou
uma vez por semana, por exemplo), pois ele realmente tira a energia da
aura, deixando-o muito vulnerável.
Existem pessoas que usam a água do mar, no lugar da água e sal grosso.
Banhos de Energização
São recomendados para ativar e afinizar as forças dos Orixás, Protetores de Cabeça e do Anjo da Guarda.
Seus
principais efeitos são ativar e revitalizar as funções psíquicas, para
uma melhor incorporação; melhorar a sintonia com as entidades.
Este
banho reativa os centros energéticos e refaz o teor positivo da aura. É
um banho que devemos usar quando vamos trabalhar normalmente nas
sessões. Também, podemos usá-lo regularmente, independente de
trabalharmos ou não como médiuns.
Amaci
É
o banho mais conhecido pelas pessoas que começam a freqüentar os
Centros de Umbanda e que somente deve ser indicados por uma Entidade
Espiritual ou pelo Guia Chefe do Terreiro, Pai/Mãe-de-Santo, Zelador(a)
do Terreiro, Babalaô ou Chefe de Culto. É o banho que derramado da
cabeça aos pés, pois é preparado de acordo com o Orixá do médium.
Normalmente
quando o filho esta em duvida de quem seja seu Pai ou Mãe de Cabeça,
usa-se um Amaci de Oxalá, o qual rege a cabeça de todos nós, pois todos
somos filhos de Oxalá.
O
banho de ervas (amaci) age como um neutralizador de correntes
negativas, e como um energizador, dando a pessoa força suficiente, para
que ela possa sair do estado em que se encontra.
Preparação dos banhos:
Os
banhos de ervas devem ser preparados por pessoas especializadas dentro
dos terreiros ou por você mesmo(a), com a orientação de seu Zelador de
Santo (Pai de Santo).
Nos
candomblés quem colhe as ervas é o Mão-de-Ofã, ou Olossain, que antes
de entrar na mata saúda Ossãe (orixá das ervas e folhas) e oferece-lhe
um cachimbo de barro, mel, aguardente e moedas. Esse sacerdote que se
dedica às folhas, nos cultos de Nação, é o Babalossaim, e ele usa seus
dotes a cura, para a preparação de amacis e feitura de Santo no
candomblé.
Na Umbanda, os Pais e Mães de Santo tem o conhecimento do uso das ervas e no preparo delas.
Acenda
uma vela branca e ofereça ao seu anjo de guarda. Ponha água (de
preferência mineral) dentro da bacia juntamente com a erva, e macere-a
até extrair o sumo. Deixe descansar a mistura, dependendo da "dureza",
por algumas horas (flores, brotos e folhas), até por dias (caules, cipós
e raízes). Durante este processo, é importante que o filho de fé, ou
cante algum ponto correspondente, ou ao menos esteja concentrado e
vibrando positivamente.
Retire
o excesso das folhas da bacia; tome seu banho de asseio normal; depois o
de descarrego, se indicado;e, depois tome o banho com o amaci, lavando
bem a cabeça, a nuca, o frontal e os demais chacras, (o banho deverá
permanecer no corpo), vista uma roupa branca. Procure se recolher por
uns trinta (30) minutos, mentalizando seu orixá.
Em todos os banhos, onde se usam as ervas, devemos nos preocupar com alguns detalhes :
-
Ao adentrar numa mata para colher ervas ou mesmo num jardim, saudamos sempre Ossaim que é responsável pelas folhas;
-
Antes de colhermos as ervas, toquemos levemente a terra, para que descarreguemos nossas mãos de qualquer carga negativa, que é levada para o solo;
-
Não utilizar ferramentas metálicas para colher, dê preferência em usar as próprias mãos, já que o metal faz com que diminua o poder energético das ervas;
-
Normalmente usamos folhas, flores, frutos, pequenos caules, cascas, sementes e raízes para os banhos, embora dificilmente usemos as raízes de uma planta, pois estaríamos matando-a;
-
Colocar as ervas colhidas em sacos plásticos, já que são elementos isolantes, pois até chegarmos em casa, estaremos passando por vários ambientes;
-
Lavar as ervas em água limpa e corrente;
-
Os banhos ritualísticos devem ser feitos com ervas frescas, isto é, não se demorar muito para usá-las, pois o Prana contido nelas, vai se dispersando e perde-se o efeito do banho;
-
A quantidade de ervas, que irão compor o banho, são 1 ou 3 ou 5 ou 7 ervas diferentes e afins com o tipo de banho.
-
Não usar aqueles banhos preparados e vendidos em casas de artigos religiosos, já que normalmente as ervas já estão secas, não se sabe a procedência nem a qualidade das ervas, nem se sabe em que lua foi colhida, além de não ter serventia alguma, é apenas sugestivo o efeito.
-
Banhos feitos com água quente devem ser feitos por meio da abafação e não fervimento da água e ervas, isto é, esquenta-se a água, até quase ferver, apague o fogo, deposite as ervas e abafe com uma tampa, mantenha esta imersão por uns 10 minutos antes de usar.
-
Os banhos não devem ser feitos nas horas abertas do dia (06 horas, 12 horas ou meio-dia, 18 horas e 24 horas ou meia-noite), pois as horas abertas são horas “livres” onde todo o tipo de energia “corre”. Só realizamos banhos nestas horas, normalmente os descarregos com ervas, quando uma entidade prescrever (normalmente um Exú).
-
Não se enxugar, esfregando a toalha no corpo, apenas, retire o excesso de umidade, já que o esfregar cria cargas elétricas (estática) que podem anular parte ou todo o banho.
-
Após o banho, é importante saber desfazer-se dos restos das ervas. Retiramos os restos das ervas que ficaram sobre o nosso corpo, juntamos com o que ficou no chão. E despachamos em algum local de vibração da natureza como, por exemplo, num Rio (rio abaixo), no mar, numa mata, etc.; Ou até mesmo em água corrente.
Outros banhos:
Além
destes banhos preparados, podemos contar com outros tipos de banhos,
que podem ter algum efeito, dependendo da maneira que os encaremos:
Banhos Naturais:
Não
são apenas os banhos preparados que são usados para
descarga/energização, os banhos naturais são excelentes. Por exemplo: os
banhos de cachoeira, de mar, de água de Mina, de chuva (axé de Nanã),
de rio, etc.
São
banhos que realizamos em locais de vibração da natureza, onde as
energias são abundantes. Neste caso, não precisamos nos preocupar em não
molhar os chacras superiores (coronal e frontal). Claro que devemos
para isto buscar locais livres da poluição.
Dentre eles podemos destacar:
Banhos de Chuva:
O banho de chuva é uma lavagem do corpo associada à Nanã; uma limpeza de grande força, uma homenagem a este grande orixá.
Banhos de Mar:
Ótimos para descarrego e para energização, principalmente sob a vibração de Yemanjá.
Podemos
ir molhando os chacras à medida que vamos adentrando no mar, pedindo
licença para o povo do mar e para Mamãe Yemanjá. No final, podemos dar
um bom mergulho de cabeça, imaginando que estamos deixando todas as
impurezas espirituais e recarregando os corpos de sutis energias. Ideal
se realizado em mar com ondas e sob o sol.
Banhos de Cachoeira:
Com
a mesma função do banho de mar, só que executado em águas doces. A
queda d’água provoca um excelente “choque” em nosso corpo, restituindo
as energias, ao mesmo tempo que limpamos toda a nossa alma. Saudemos,
pois Mamãe Oxum e todo povo d’água. Ideal se tomado em cachoeiras
localizadas próximas de matas e sob o sol.
Cuidados
Nenhum
banho deve ser jogado sobre a cabeça, exceto os de ervas ou essências
de Oxalá ou dos Orixás que compõe a Tríade da Coroa do médium. Os demais
banhos devem ser tomados sempre do pescoço até os pés (Exceto sob
determinação específica de um guia, e mesmo neste caso devemos confirmar
se entendemos corretamente o solicitado).
Há
banhos para todos os Orixás e Entidades e sempre que tiver dúvida
consulte-os ou consulte um dos dirigentes da casa sobre o banho a ser
tomado.
Muitos banhos têm dia e hora para tomar, portanto, consulte um dos dirigentes da casa se tiver dúvidas.
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