QUEIXA
Lamentar
aquilo que não temos é desperdiçar aquilo que possuímos, afirma um
antigo provérbio chinês, lembrando que esta máxima é válida para
situações ou coisas, sentimentos ou posições sociais.
O
problema da queixa é que ela vai construindo uma personalidade naquele
que usa da lamentação, como uma máscara sobre sua postura natural.
Com
o passar do tempo, se permanecemos fazendo uso da queixa, ela é
incorporada pela nossa postura natural que passa a ser queixosa.
Uma
vez que absorvemos a lamentação em nosso patrimônio comportamental ela,
a queixa, começa a se exteriorizar através de nossos pensamentos e
nossas palavras, passando assim a ser nossa característica pessoal,
nossa marca.
Este
processo é perigoso pelo fato de que muitas vezes ele ocorre de maneira
inconsciente, por automatismo.Reclamamos seguidas vezes, independente
de termos razão ou não, e o que inicialmente é uma escolha ou um ato
involuntário, torna-se um hábito.
Desde
a antiguidade, Sócrates* asseverava de que somos “escravos do hábito”
pelo fato de que ficamos presos àquilo que fazemos repetidas vezes.
Por
este fato, constantemente, aquele que reclama da vida ou das situações
impostas por ela, não percebe que age assim pois reclamar passa a ser
uma segunda natureza do indivíduo.
Geralmente
quando alguém diz a outra pessoa que ela reclama muito, que queixar-se
passou a ser comum nas suas expressões, ela assusta-se crendo ser
absurda tal situação.
A reclamação é sempre uma surpresa àquele que a possui e que acabou por condicionar-se a ela..
Lembre-se
de quando você sai dirigindo seu carro, de tanto passar por determinado
caminho, ele ganha familiaridade em nossa mente assim, algumas vezes, o
percorremos sem nos darmos conta do trajeto.
Com
nossos comportamentos acontece o mesmo. De tanto agir de determinada
forma, ele passa a ser a diretriz das nossas ações ou a base onde elas
se assentam para servir de ponto de partida para as demais situações.
Partindo
daí, tudo o que pensamos ou falamos sofre a influência da queixa e é
assim que lamentar torna-se uma armadilha psicológica que aprisiona quem
a possui. Estabelecer uma nova proposta comportamental exige esforço e
um processo de reprogramação de nossas reações em torno dos
acontecimentos da vida.
Muitas
vezes, reagimos às intempéries que nos ocorrem dizendo que não
agüentamos mais a vida, entretanto, o que não agüentamos mais não é a
vida mas nossa postura diante dela.
Se
admitimos que a vida é obra direta de Deus e sua precisão mostra
claramente sua grandeza, ela, a vida, não pode ser o problema, é apenas a
oportunidade de fazermos dela um problema ou não.
Em
boa definição, a pequenez moral do homem é marcada pelas suas horas de
lamentação. Quanto mais lastimamos nossa vida, mais ela ganha uma
aparência amarga e triste. O queixoso depõe constantemente contra a
própria vida e sempre está achando culpados para isso, seja pessoas ou
situações.
Alguém
poderia contestar afirmando que não é reclamação mas, sim, a verdade!
Ora, não interessa o nome que vamos dar quando divulgamos ou mesmo
exaltamos as situações menos felizes de nossa vida. O que não deu certo e
usamos isso para justificar nossa situação, isso nos faz mal.
O
pessimismo, que é pai de toda reclamação, reflete sempre nossa
incapacidade de lidar com a vida e conosco mesmo. Ao reclamar, nos
colocamos pré-dispostos a adoecer do espírito até ao corpo que, afinal,
reflete nossa condição interna.
Toda
lamentação espelha uma queda moral onde, responsáveis pelas próprias
ações, somos impulsionados a agir pela realidade que criamos.
Herdeiros de nós mesmos, esta realidade deve estar sempre em nossa mente a qualquer suspeita de queixa aparecer.
Fonte: Livro Terapia Anti-Queixa
Autor Roosevelt Andolphato Tiago.
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