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Como todas as idéias nobres, o
Espiritismo teve ferrenhos adversários que o combateram com acusações
descabidas, carentes de fatos ou de argumentos lógicos. Os espíritas
eram estigmatizados como charlatões, loucos, visionários, mentirosos e
diabólicos. Esta última acusação teve durante mais de meio século enorme
força, devido ao sectarismo religioso, à ignorância do povo, à má-fé dos
líderes religiosos e à força coerciva das igrejas.
De dois grandes "palanques" assacavam
cruéis difamações e injúrias contra a Doutrina Espírita, apontada como
herética: os púlpitos e a imprensa. Deles, gerou-se enorme perseguição
aos espíritas e até aos que apenas estudavam o fenômeno com o interesse
puramente científico da busca da verdade (a verdade não era e ainda não
é do interesse escuso de muitos religiosos)...
Não desejamos alongar este tópico com
o relatar de numerosos fatos apontados na literatura sobre perseguições
infelizes sofridas pelos adeptos e estudiosos da Doutrina ou do Fenômeno
Espírita. Apenas para ilustrar, citaremos dois de caráter público e
geral, um mais antigo, outro mais recente:
Heinrich Ohlhaver, autor do livro "Os
mortos vivem", um dos livros mais vendidos na Europa entre 1914 e 1921
(sua 3ª edição foi de 390.000 exemplares!), conta que, entusiasmado com
a beleza e profundidade do Espiritismo, enviou alguns artigos para
vários jornais e todos foram devolvidos. Resolveu, então, escrever e
mandar a eles um artigo no qual ridicularizava, de forma absurda, a
Doutrina dos Espíritos, usando um nome falso. Foi imediatamente
publicado por três jornais!
A "Revista Espírita", de novembro
1861, publicou artigo em que registra relato de caso ocorrido na
Espanha, sob o título: "Os Restos da Idade Média - Auto-de-Fé das Obras
Espíritas em Barcelona", que passamos a descrever:
"No dia 9 de outubro de 1861, às dez
e meia da manhã, na esplanada da cidade de Barcelona, lugar onde eram
executados os criminosos condenados ao último suplício, e por ordem do
bispo desta cidade, foram queimados 300 volumes e brochuras sobre o
Espiritismo.
A cerimônia foi solenemente presidida
por um clérigo com os hábitos sacerdotais, com a cruz numa mão e uma
tocha na outra; um escrivão encarregado de redigir a ata do auto-de-fé;
o secretário do escrivão; um empregado superior da administração das
alfândegas (esclarecemos que a mercadoria havia sido apreendida na
alfândega quando chegava da França, importada de acordo com as leis, sob
esta justificativa; 'A Igreja Católica é universal e, sendo estes livros
contra a moral e a fé católica, o Governo não podia consentir que eles,
fossem perverter a moral e a religião de outros países'.); três
serventes da alfândega, encarregados de alimentar o fogo; um agente da
alfândega representando o proprietário das obras condenadas pelo bispo.
Inumerável multidão enchia as
calçadas e cobria a imensa esplanada onde se erguia a fogueira.
Quando o fogo consumiu os trezentos
volumes ou brochuras espíritas, o sacerdote e os ajudantes se retiraram,
cobertos de vaias e maldições de numerosos assistentes, que gritavam:
"Abaixo a Inquisição!".
E, desta forma, consumou-se o triste
Auto-de-Fé de Barcelona.
Procuraram denegrir o Espiritismo
deformando-o com mentiras, acusando-o de dizer o que não diz, dar como
dele ensinamentos que não ensina, de produzir o mal, quando só produz o
bem. Calúnias e leviandades que demonstram a fraqueza de seus
detratores.
"Temos certeza de que as fogueiras se
apagam por si mesmas: e se os livros são lançados ao fogo, o pensamento
imortal lhes sobreviverá".
Os espíritas deixaram para os
adversários a cólera e a calúnia para guardarem a moderação e a
dignidade.
O combate cruel que os espíritas
sofreram despertaram a atenção para a doutrina codificada por Allan
Kardec, difundindo-a e destacando sua luminosa missão.
Em 1869, estimava-se que, no mundo, o
número de espíritas era de seis a sete milhões, sendo que na Europa
havia um milhão e na França seiscentos mil.
Em 1921, avaliava-se em setenta
milhões de espíritas no mundo, sendo dez milhões só nos Estados Unidos
da América do Norte. (Cremos que estes números se refiram aos que
aceitavam os fenômenos espíritas sem considerar se eram adeptos da
Codificação Kardequiana, que define o Espiritismo tal como deve ser
entendido, nos dias atuais.)
Tais números nos demonstram a força
destruidora dos governos e dos religiosos sectários que prevaleceu até
os primeiros decênios deste século.
Mas, como sabemos, com a verdadeira
liberdade de pensamento dos últimos decênios, o Espiritismo vem
ressurgindo, com grande vigor, através dos estudos, da aceitação e da
divulgação dos conceitos básicos da Codificação Kardequiana.
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