segunda-feira, 21 de abril de 2014

hEREDITARIEDADE E ESPIRITISMO

 A FILOSOFIA DA CRIAÇÃO
É clássico e notório o saber-se que a concepção no reino animal tem seu início na junção do espermatozóide com o óvulo feminino.
A fecundação reflete não somente a atuante e estuante força da Natureza, na busca de perpetuação da espécie, mas igualmente, e de forma inequívoca, a Lei Maior de DEUS, que através do automatismo, do desejo ou do amor, faz perpetuar as espécies, a fim de que elas se multipliquem e se aprimorem.
Sem dúvida, poderia parecer à primeira vista que a única finalidade da multiplicação dos seres seria a de cobrir a Terra de seres viventes, dando ensejo ao funcionamento das leis genéticas, incluindo, por exemplo, a prevalência do mais forte, através do processo seletivo.
Concepção multiplicação, mutação e seleção, todos esses fenômenos têm sido estudados exaustivamente, há séculos, para que melhor se conhecessem as leis que regem a Natureza.
Esforços ingentes, labores incalculáveis sempre buscaram insistentemente o porquê da Vida, seus mais difíceis e intrincados meandros, na permanente porfia entre a ignorância e o saber. Ignorância e saber humanos que se digladiam como feras acuadas ante a superioridade da Sabedoria Divina, que muitas vezes os pesquisadores negam, afoitos e presunçosos, erguendo altares ao seu próprio ego.
Todas as instâncias do saber humano periclitam em suas bases, sem o convívio permanente e necessário com o Hausto Divino.
A supremacia da Divindade é fato inconteste a estadear-se no Plano da Criação, do micro ao macrocosmo.
A esse respeito, cumpre-nos prazerosamente consultar “O Livro dos Espíritos” que, no capítulo III da 1ª parte - Da Criação - Formação dos Mundos, diz-nos:
“O Universo abrange a infinidade dos mundos que vemos e dos que não vemos, todos os seres animados e inanimados, todos os astros que se movem no espaço, assim como os fluidos que o enchem”.
Mais adiante, de maneira genérica, ainda em “O Livro dos Espíritos”, emFormação dos seres vivos, como resposta à questão 43, responderam os Espíritos:
“No começo tudo era caos, os elementos estavam em confusão. Pouco a pouco cada coisa tomou o seu lugar. Apareceram então os seres vivos apropriados ao estado do globo”.
Nesta incursão à gênese da Criação, feita de forma humilde e despretensiosa, sente-se a grandeza das Leis Divinas a coordenar fatos e princípios. Não há vácuo no Plano Criador.
O que se nos parece sem vida ganha cor; o estático aparente apenas mimetiza a dinâmica sempre atuante.
Ao leitor espírita ou espiritualista não há como conceber um Universo sem DEUS, ou o Acaso gerando formas e situações.
O Acaso é o nada e o nada não existe.
Eis porque é lógico, crível e até científico chegar-se à CRIAÇÃO, com DEUS a presidi-la.
Na publicação “Ciência Ilustrada” da Editora Abril Cultural Ltda., sob o título O homem descobre o Mundo, que versa sobre a matéria “Ciência é saber ver um Universo claro e exato”, deparamos com bela foto de uma esponja que na simetria do seus esqueleto “fixa o padrão de sua espécie”. “Na simetria do 'esqueleto' da esponja da foto, o padrão da espécie está indelevelmente fixado.
Em cada geração a mesma forma se repete graças aos mecanismos genéticos.
Compreender uma estrutura conhecer suas leis gerais é também fazer Ciência”.
A cada passo, ante a imensidade daquilo que foi desvendado no campo da Ciência, e diante do que falta desvendar, vê-se claramente - como numa operação matemática - a presença de DEUS e a negação do acaso.
A Doutrina dos Espíritos, que é Filosofia, Ciência e Religião, traz em seu bojo salutares esclarecimentos, que não infirmam as descobertas científicas, antes as iluminam e ampliam, imprimindo-lhes o sinete da Presença Divina em tudo e em todos.
Compreende-se de uma vez por todas, que a Criação não é obra do Acaso, que o vazio nela não existe, e que os reinos mineral, vegetal e animal se agitam e reproduzem, mercê de Leis Sábias e absolutamente equânimes, com vistas ao povoamento e perpetuação das espécies em todos os departamentos do Planeta.
III - HEREDITARIEDADE: APENAS UMA LEI DA NATUREZA?
Alguns menos avisados hão de querer julgar que ao Espiritismo e aos espíritas faltam-lhes o mediano senso de crítica, responsável por uma análise mais perfeita dos fatos, das pessoas e das coisas.
Dentre os que seriamente aderiram ao Espiritismo, desde a sua origem, encontram-se dos simples operários aos homens notáveis pelo saber e pela cultura.
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“Na Doutrina Espírita aprendemos a amar, mas igualmente a estudar, para enfrentarmos a Razão face a face”
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Quem conhece a História do Espiritismo sabe muito bem que, afastado o aspecto burlesco das comunicações iniciais das mesas girantes e falantes, ficou a mensagem, a seriedade, aquilo que fala à alma e ao coração, a sapiência sem peias, e, junto a tudo isso, a nata da inteligência francesa, sem sombra de dúvidas, protagonizada no mestre lionês - Hippolyte León Denizard Rivail (Allan Kardec) e todos os que àquela altura o acompanhavam, conquistando a Doutrina dos Espíritos - mais adiante - inúmeros cidadãos de invejável cultura que a História registra como marcos inconfundíveis de grandes vitórias (vide a obra de “Allan Kardec”, em 3 volumes, autoria de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, Editora FEB). Essa obra é, inquestionavelmente, uma extraordinária e meticulosa pesquisa bibliográfica.
Ser espírita, portanto, não é somente ser deísta, crer na imortalidade da alma, admitir-lhe as comunicações, modificar-se interiormente, mas, de igual maneira, buscar a Verdade através do Saber.
Na Doutrina Espírita aprendemos a amar, mas igualmente a estudar, para enfrentarmos a Razão face a face.
O fanatismo pode rondar os nossos arraiais, mas não os penetra, pois dele somos a própria antítese.
Eis por que nem sempre andamos de mãos dadas com certas afirmações que, a despeito de serem consagradas, respeitamo-las, mas não as endossamos.
Vejamos, por exemplo, o problema da Hereditariedade, capitulado no campo da Biologia, mais especificamente na Genética.
Transcreveremos do ótimo livro didático “Biologia Moderna” (Maria Luiza Beçak e Willty Beçak - volume 2 - Livraria Nobel S.A. - 1975), o que se lê na página 11, encimado pelo subtítulo Herança e Meio:
“Um dos problemas mais antigos em Biologia é o estudo das causas fundamentais, que condicionam a grande variabilidade existente entre os seres vivos. Plantas e animais apresentam grande variedade de caracteres relacionados à cor, tamanho, forma e atividades fisiológicas.
As causas fundamentais que condicionam a variabilidade biológica são a hereditariedade e o ambiente. Genética é a ciência que estuda as semelhanças e as diferenças entre seres vivos e as suas causas. É a ciência que estuda a hereditariedade e o ambiente. (...)
Resultando os caracteres tanto da influência de herança, como do ambiente, a hereditariedade não implica que os filhos sejam necessariamente idênticos aos pais. Indivíduos com igual patrimônio hereditário poderão ser diferentes, quando se desenvolvem em meios diversos. (...)
JOHANNSEN, em 1911, propôs o termo "genótipo” para designar a constituição hereditária, (...) e “fenótipo” para designar a aparência de um indivíduo, ou seja, a soma total de suas peculiaridades de forma, tamanho, cor, comportamento externo e interno. (...)
O que o indivíduo herda é o genótipo e não o fenótipo."
De posse dessas informações, fica o indivíduo que somente deseja saber, restrito ao aspecto meramente didático e prático, ciente de que somos, inapelavelmente, no campo físico, o somatório de contingências hereditárias, aliadas aos problemas de meio ambiente, etc. Enfim, herdamos por genotipia e nos modificamos através de processos outros, que nos levam à fenotipia.
Em que pese o nosso mais profundo respeito por todas essas conceituações científicas, grande parte delas irrefutáveis, cumpre-nos lembrar que não podemos encarar o problema da hereditariedade somente sob o frio aspecto com que ele nos é mostrado pela Ciência. Há que se perquirir, perguntar, estudar, levantar hipóteses acerca do fenômeno da hereditariedade, que está inserido no Plano da Criação Divina.
Exatamente aí, neste campo em que se cruzam os fatores materiais e espirituais, é que está o cerne da questão.
Ocorre que, ao sermos informados por aqueles que residem no Além, vemo-nos obrigados por uma questão de consciência, a expender conceitos que nem sempre se afinizam com outros já conhecidos e consagrados. No caso em apreço, sem dúvida, é a Ciência Espírita em ação.
Sobre hereditariedade, herança morfológica, etc., vale lembrar ensinamentos valiosos de André Luiz, médico que foi na Terra, ora vivendo no Plano Espiritual, em sua obra “Evolução em dois Mundos”, psicografada por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira editado pela FEB.
À guisa de antelóquio dessa obra, sob o título Anotação, ensina-nos Emmanuel:
"O Apóstolo Paulo, no versículo 44 do capítulo 15 de sua primeira epístola aos coríntios, asseverou, convincente:
-Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual”.
Ao espírita não há como fugir à conceituação da existência do corpo animal e do corpo espiritual, sendo que aquele é posterior ao segundo.
A existência do Espírito eterno, imortal, e sua configuração perispirítica, profundamente estudada nas obras espíritas, faz-nos atentar para o fato de que a vida, ou seja, o ser configurado sob as vestes carnais, não é somente reflexo de leis naturais fixadas sob o império da hereditariedade.
Cada indivíduo, cada ser vivente, deixa os estreitos limites onde é analisado, para surgir como junção de dois elementos - corpo e espírito – distintos porém entrelaçados, agindo e reagindo reciprocamente.
Na obra “A Evolução Anímica”, de Gabriel Delanne, encontramos esta jóia de informação científica, que bem explica a junção espírito-matéria e suas conseqüências, sob o título A utilidade fisiológica do perispírito:
“Estabelecemos de princípio, por experimentações espiríticas, que os Espíritos conservavam a forma humana e isto não só por se apresentarem tipicamente, assim, como porque o perispírito encerra todo um organismo fluídico-modelo, pelo qual a matéria se há de organizar, no condicionamento do corpo físico”.
Consultando-se a citada obra “Evolução em dois Mundos”, cuja leitura recomendamos, nela encontraremos resposta adequada à extensa linha de quesitos que se possa propor, enfocando corpo e espírito. A bem da verdade, essa obra é um extraordinário vade-mécum a quem desejar conhecer a gênese dos Espíritos, e, conseqüentemente, da matéria.
Nela se aprende que o chamado “elo perdido”, que medeia entre formas rudimentares do ser vivo e outras mais adiantadas foi resultado da intervenção dos Mentores espirituais na alteração psicossomática de formas que viveram na Terra, dando prosseguimento ao Plano Criador, sempre se justapondo o corpo carnal à matriz espiritual.
IV - A QUESTÃO DA HEREDITARIEDADE PSICOLÓGICA
Levantamos aqui uma propositura, que nos parece bem interessante, sobre a questão da hereditariedade e psicologia humanas.
É exatamente aí, e mais do que nunca nesta questão, que se sente a presença do Espírito, agindo e reagindo, atestando-se fruto de si mesmo, segundo a já citada afirmação do Apóstolo Paulo. É a presença inequívoca do Espírito no Plano da Criação.
Subtraindo-se às injunções de todo o processo genético, desde a fusão do espermatozóide com o óvulo até às linhas cromossômicas, que tipificam morfologicamente o ser, permanece imune a presença do ser espiritual, na sua caminhada evolutiva em busca da Luz e da Perfeição.
Atado mas não escravo, resguardando suas características próprias, ele (O Espírito) busca sua movimentação própria no que concerne ao psiquismo, dando margem à formulação de questionamentos a seu respeito.
A sua presença, que guarda certa independência, há de espantar aqueles que tudo julgam sob o critério único do imediatismo fisiológico.
Dentro da literatura espírita são clássicas e inúmeras as citações a respeito do problema da hereditariedade, principalmente a de origem psicológica. Vejamos algumas.
Na obra “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, autoria de Léon Denis, no capítulo XV, que trata das vidas sucessivas, das crianças-prodígio e da hereditariedade, encontramos:
“Podem-se considerar certas manifestações precoces do gênio como outras tantas provas das preexistências, no sentido de serem uma revelação dos trabalhos realizados pela alma em outros ciclos anteriores. (...)
Cada encarnação encontra, na alma que começa vida nova, uma cultura particular, aptidões e aquisições mentais que explicam sua facilidade para o trabalho e seu poder de assimilação, por isso dizia Platão: 'Aprender e recordar-se'."
Seguem-se, na mesma obra, inúmeras citações que comprovam, à saciedade, que o ser espiritual preexiste à matéria, mantém suas características de evolução, e foge aos liames da “ditadura escravizante” das leis genéticas, estereotipadas na hereditariedade. Esta, se é total na genotipia e quase o é na fenotipia, deixa de sê-lo no campo psicológico.
Espírito não é fruto da carne.
Após essas oportunas e esclarecedoras afirmações, não há como contestá-las, mas apenas referendá-las, sob a ótica da Filosofia e Ciência Espíritas. Vai-se fechando, dessa maneira, o elo necessário à grande corrente do Saber Espiritual, que nos aponta a existência e preexistência do Espírito, a manifestar-se no jogo da vida sem clausura total nas leis da reprodução.
Aproveitando a idéia de tempo que nos veio à mente, é de se notar que os Espíritos de Luz, fiéis mensageiros do Senhor, continuam insistindo na tese contrária à legitimidade de uma herança psicológica.
A Federação Espírita Brasileira, através de seu Departamento Editorial, publicou em 1989 a obra “Temas da Vida e da Morte”, pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo Pereira Franco, na qual encontramos matéria alusiva à hereditariedade psicológica, inserida sob o título Tendênciaaptidões e reminiscências:
"É evidente que os processos da reencarnação se fazem mediante as leis de afinidade espiritual, por impositivos anteriores, o que resulta em identificações e choques nos clãs, onde se reencontram seres simpáticos, ou adversários que o berço volta a reunir. (...)
As aptidões e tendências só raramente correspondem às leis de hereditariedade, especialmente hoje, quando as opções para a conduta e a ação se fazem um leque imenso de possibilidades, ensejando a identificação do homem com suas próprias realidades. (...)
Eis por que as tendências, as aptidões humanas, sem descartar-se a contribuição dos genes e cromossomas, procedem das experiências do passado, em que o espírito armazenou valores que lhe pesam na economia evolutiva como poderosos plasmadores da personalidade, da inclinação para uma como para outra área de conhecimento, para a vivência da virtude ou do vício."
Eis considerações exatas, perfeitas e atuais, sobre o assunto em tela, enumeradas do Plano Espiritual.
Um fato nos preocupou seriamente: o da longevidade das informações.
Mas como já ficou claro que o tempo não passa em vão, e é iconoclástico como sempre o foi, ele poderia ter derrubado antigos mitos e opiniões. Veja-se, por exemplo, essa nota da Editora da FEB (1952), inserida antes do índice da obra “A Evolução Anímica”, de Gabriel Delanne, onde o Autor trata da Hereditariedade Psicológica:
“Devemos lembrar ao leitor que esta obra foi publicada em 1895. Muitos conhecimentos científicos aqui expostos sofreram, no correr dos anos, sua natural transformação e progresso, o que, entretanto, não invalidou o vigor e a firmeza dos conceitos espiritistas emitidos pelo Autor, mas, antes vieram afirmá-los cada vez mais”.
Compulsando ambas, a nota editorial e a mensagem da obra “Temas da Vida e da Morte”, deixamos para trás nossas preocupações sobre a possibilidade de serem longevos ou ultrapassados os estudos espíritas sobre o assuntoHereditariedade, mais especificamente Hereditariedade Psicológica.
Considerando-se que, há cerca de um século, os Espíritos iluminados mantêm o mesmo pensamento sobre o assunto, há que aceitá-lo como certo.
Com Kardec aprendemos que a “universalidade dos ensinos” dá-nos a certeza da veracidade.
No caso em apreço, verifica-se que Delanne fez publicar sua obra em 1895, na qual apreciou a hereditariedade psicológica, e hoje, um século após os conceitos espíritas por ele emitidos, são corroborados na obra “Temas da Vida e da Morte”, do Espírito Manoel Philomeno de Miranda.
Em face dos nossos limitados conhecimentos, cremos não haver mais nada a acrescentar ao tema em estudo.
Os Espíritos de Luz, Vanguardeiros da Eterna Verdade, continuam nos alertando para a necessidade de amarmos e estudarmos.
E certo será que burilando-nos internamente no campo das Virtudes, e estudando, por certo chegaremos à meta a que nos propusemos.

Referências Bibliográficas:
(Pela ordem de apresentação do trabalho.)
- KARDEC, Allan. O Livros dos Espíritos, parte 1ª, Cap. III, Formação dos
Mundos, 79ª ed. Rio de Janeiro; FEB, 1997, 495p., pp. 64-65.
- Ibidem, questão 43.
Ciência Ilustrada, Editora Abril Cultural Ltda., 1969, p. 11.
- BEÇAK, Maria Luiza e BEÇAK Willy, Biologia Moderna, volume 2, Livraria
Nobel S.A., 1975.
- XAVIER, Frnacisco C, e VIEIRA, Waldo. Evolução em dois Mundos, pelo
Espírito André Luiz, 15ª ed. Rio de Janeiro. FEB, 1997, 224p.
-DELANNI, Gabriel. A Evolução Anímica, 8ª e

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