segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Individualidade e personalidade( espirita)


Individualidade e personalidade

Weimar Muniz de Oliveira
Podemos afirmar que no ser humano revestido do corpo físico, desde que a pessoa esteja registrada no Cartório de Registro Civil das Pessoas Físicas, ali se acha uma personalidade.
Todavia, não podemos esquecer que na mesma personalidade humana está patente e explícita uma individualidade. E é justamente essa individualidade que a distingue e a diferencia de todas as outras pessoas.
É na individualidade da pessoa, apanágio da alma imortal, que se localiza o DNA e as impressões digitais, fazendo-a exclusiva e distinta de todos os demais seres humanos e que a torna a criatura mais importante do Universo, uma vez que em todo o Universo não há outra pessoa que detenha as mesmas características.
É a sabedoria divina que assim permitiu que fosse, como que a expressar, conforme princípio de justiça e de amor, a inexistência de privilégio na obra da Criação.
O feto, mesmo que seja um anencéfalo, detém, desde a concepção, a sua individualidade inconfundível, sendo essa individualidade, sem dúvida, a marca da imortalidade da alma.
Assim é que o corpo, considerado isoladamente, tem apenas vitalidade, enquanto que a alma contém a vida plena e imorredoura.
A alma, antes de retornar ao mundo físico para mais uma experiência, existia anteriormente à formação do novo corpo.
Aliás, diga-se, de passagem, que a anterioridade da alma era defendida por Orígenes, dos mais festejados Doutores da Igreja Católica Romana.
Ora, se a preexistência da alma é uma realidade defendida pelos maiores filósofos da humanidade, por que também não o é a lei das vidas sucessivas, uma e outra colaborando pela evolução espiritual do ser ao longo dos milênios?
Daí o poemeto:
“Antes de ser agora,
eu já era antes...
Depois de ser antes,
eu seria depois...”

No que diz respeito ao feto, desde a fertilização do óvulo pelo espermatozóide, recebe ele e registra todas as emoções, eventos e intenções da mãe, à qual está ligado por liames imperscrutáveis. Por isso, quando é rejeitado desde o útero materno, mesmo que essa rejeição não se concretize, por esse ou aquele motivo, ele, ao nascer, também a hostiliza.
Discorrendo sobre o tema aborto, nesse aspecto, Marlene R. S. Nobre, presidente da Associação Médico-Espírita do Brasil, no seu livro O Clamor da Vida(1), no capítulo 2, fala sobre o psiquismo fetal, informando, a certa altura:
“Há mais de 30 anos, o dr. Albert Liley, da Universidade de Aukland, Nova Zelândia, apresentou, pela primeira vez, o seu trabalho pioneiro em fetologia, em um congresso de Psiquiatria, ao qual deu o título de O Feto como Personalidade, nele relatando as reações do concepto ao meio intrauterino adverso. De lá para cá, muitos estudos foram realizados e vários investigadores conseguiram a prova fisiológica sólida e irrefutável que o feto é um ser com personalidade marcante e bem definida, capaz de apresentar reações auditivas, sensoriais e afetivas. Um ser com competência inusitada.”
E, mais adiante, sob o mesmo título, afirma a autora(2):
“Tem vida emocional própria. É um ser que sente emoções, experimenta prazer e desprazer, dor, tristeza, angústia ou bem-estar; e tem um relacionamento intenso com sua mãe, sendo capaz de captar seus estados emocionais e perceber quais os sentimentos de afetividade dela em relação a ele.”
Descreve, ainda, no mesmo capítulo, o seguinte fato(3):
“Conta Verny o caso do bebê Kristina, que lhe foi relatado pelo dr. Peter Fedor-Freybergh, professor de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade de Upsala, na Suécia. Kristina era um bebê robusto e comportado, que revelou um estranho comportamento: recusava-se a mamar no seio da mãe. Aceitava mamadeira ou o seio de outras mães, mas não queria nada com o alimento materno.
O dr. Peter, indagando da mãe a razão de tal comportamento, recebeu um ‘não sei’ como resposta. Ela dizia não saber o motivo. Quando, porém, dr. Peter foi mais incisivo na pergunta: ‘Mas você desejava realmente essa gravidez?’, ela admitiu: ‘Eu queria abortar, mas meu marido desejava essa criança, então mantive-a’.”
“Isso era novidade para Peter, mas obviamente não o era para Kristina”, comenta o dr. Verny. E acentua: “Ela havia percebido há muito tempo a rejeição de sua mãe e recusava-se a formar a ligação com ela, após o nascimento. Afetivamente rejeitada no útero, Kristina, com apenas quatro dias de vida e inteiramente dependente, estava firmemente decidida a rejeitar a mãe.” E concluiu: “É provável que, com tempo, amor e paciência, a mãe de Kristina ganhe, de novo, a afeição da criança. Mas essa já existiria se a ligação tivesse sido formada antes do nascimento.”
Negar, pois, a vida no feto, a partir da concepção, e sua consequente individualidade, é dar inegável demonstração de ignorância dos pressupostos essenciais da natureza humana.
1 - O Clamor da Vida, FE Editora Jornalística Ltda., edição 2000, páginas 40/44.
2 - Idem, idem, pág. 41.
3 - Idem, idem, pág. 46.

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