quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O Problema da Insatisfação Autor: Vianna de Carvalho (espírito)

O Problema da Insatisfação

Autor: Vianna de Carvalho (espírito)

A insatisfação, que medra, assustadora, numa 
avalanche crescente. em todos os arraiais da 
Sociedade terrena, procede, de certo modo, da 
programática educacional das criaturas que, 
desde cedo, recebem orientação e adestramento 
em moldes eminentemente imediatistas, como se 
a vida devesse abraçar. apenas, o estreito limite 
entre o berço e o túmulo...

Centralizando todas as aspirações no trâmite 
carnal, o triunfo, conforme os padrões 
hedonistas, tem como finalidade à aquisição de 
valores para o gozo, o destaque na comunidade, 
a tranqüilidade que decorra de um estômago 
saciado, um sexo atendido e as vaidades 
estimuladas...

No entanto, mesmo quando tal ocorrência vem 
de ser lograda, acompanhada de emoções 
estésicas, eis que o sonhador da roupagem 
carnal se depara com outro tipo de necessidade 
que deflui do espírito, no seu processo de 
reeducação pelo impositivo reencarnacionista.

O homem não são, exclusivamente, as suas 
necessidades orgânicas e emocionais que se 
enquadram na argamassa fisiopsicológica.

O berço e o túmulo representam, no processo da 
evolução, meios de que se utiliza a Sabedoria 
Divina para que o ser indestrutível entre e saia 
do corpo, adquirindo experiências. fixando 
aprendizagem, modelando caracteres, crescendo 
na fraternidade e santificando o amor, que 
arranca das expressões do instinto de posse 
para a sublimação através da renúncia e do 
sacrifício...

Concebendo a vida como um jogo fugaz de 
sensações, em que o homem dotado de recursos 
amoedados mais é feliz porque mais consegue, 
coloca todas as ambições no estreito 
condicionamento da posse material, que 
amargura, quando escassa e frustra. quando 
farta.

De forma alguma os valores da rápida aquisição 
conseguem produzir no homem a verdadeira 
harmonia, tendo-se em vista que, impelido pelo 
próprio instinto de preservação da espécie, se 
não vigia, mais ambiciona, quanto mais detém.

A posse, no entanto, de forma alguma faculta 
equilíbrio emocional. Quando é abundante, 
produz o receio da perda, estimulando a 
existência dos fantasmas do medo de perder a 
posição e os recursos que lhe significam a vida... 
E, quando é exígua, favorece a escravidão ao que 
se gostaria de possuir, como fuga psicológica às 
inquietações quase sempre injustificáveis.

O homem deve arrimar-se nos valores éticos, 
que ele próprio constrói a pouco e pouco em si e 
à sua volta, compensando-se no ideal altruísta, 
com que desata as emoções superiores que lhe 
jazem em gérmen, crescendo moralmente e 
superando as injunções do cárcere físico, 
mediante cuja ascensão consegue a lucidez que 
lhe dá a perfeita visão da vida e lhe dilata os 
horizontes em torno do que lhe convém e do que 
deve fazer.

Situando as metas da existência além dos 
prazeres transitórios e frustrantes, irmanado à fé 
libertadora, com que se arma de resistências 
para a dor, para o mal, para os distúrbios de 
qualquer natureza, logra superar-se e planar 
além de quaisquer vicissitudes negativas, através 
de cujo comportamento fruirá a real felicidade.

Não cobiçando mais do que lhe é lícito reter; não 
se afadigando em demasia pelas aquisições 
transitórias; não se antecipando sofrimentos 
advindos do receio do futuro; não vivendo 
exclusivamente para o corpo, os insucessos 
aparentes são convertidos em lições que 
amadurecem para os próximos 
empreendimentos, fixando o bem em si mesmo, 
com que se ala nos rumos do Bem Incessante 
após a vilegiatura orgânica, libertando-se das 
vestes físicas com a alegria do escafandrista que 
retorna à tona, concluída a tarefa feliz no seio 
das águas profundas...

A insatisfação que a tantos amargura, enferma e 
conduz a distonias de largo porte, pode e deve 
ser combatida através de uma pauta salutar de 
objetivos e de diretrizes evangélicas, conforme 
Allan Kardec extraiu dos conceitos morais das 
insuperáveis lições do Cristo, fazendo do 
Espiritismo o mais completo compêndio de 
otimismo e de sabedoria conhecido nos tempos 
hodiernos.

Reflexionando em torno dos valores reais, como 
dos aparentes, o homem de bem, inteligente, 
que sente necessidade de mais profundas e 
nobres aspirações para ser feliz, mergulha a 
mente e o sofrimento no exercício do amor, em 
seu sentido mais elevado, defrontando a 
grandeza da vida e realizandose por fim em paz.

Psicografia de Divaldo Franco

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