sexta-feira, 7 de agosto de 2015

pressentimento.

Os Espíritos Superiores, em resposta à questão 522 de “O Livro dos Espíritos” [4], explicam que o pressentimento tanto pode ser o conselho íntimo e oculto de um Espírito que nos quer bem, como a intuição de uma etapa do plano reencarnatório, quando esta fase está próxima de ocorrer (voz do instinto). Ou seja, existem pressentimentos advindos de um processo mediúnico (por influência de uma inteligência externa) e outros de processo anímico (pela própria alma de quem pressente). Busquemos focar em pressentimentos na qualidade de percepções, inspiradas ou deduzidas, com vistas ao Bem. Kardec esclarece, a respeito dos pressentimentos provenientes de outros Espíritos, nos seguintes termos:

“A inspiração nos vem dos Espíritos que nos influenciam para o bem, ou para o mal, porém, procede, principalmente, dos que querem o nosso bem e cujos conselhos muito amiúde cometemos o erro de não seguir. Ela se aplica, em todas as circunstâncias da vida, às resoluções que devamos tomar. Sob esse aspecto, pode dizer-se que todos são médiuns, porquanto não há quem não tenha seus Espíritos protetores e familiares, a se esforçarem por sugerir aos protegidos salutares ideias. Se todos estivessem bem compenetrados desta verdade, ninguém deixaria de recorrer com frequência à inspiração do seu anjo de guarda, nos momentos em que se não sabe o que dizer, ou fazer. Que cada um, pois, o invoque com fervor e confiança, em caso de necessidade, e muito frequentemente se admirará das ideias que lhe surgem como por encanto, quer se trate de uma resolução a tomar, quer de alguma coisa a compor. Se nenhuma ideia surge, é que é preciso esperar.” [5]

Importa considerar que um aparente pressentimento, mormente o de caráter negativo, também pode ser induzido por Espíritos que desejam o nosso desequilíbrio, conforme se pode inferir da mensagem “Influenciações Espirituais Sutis”, de autoria do Espírito André Luiz [6], da qual transcrevemos o trecho correspondente:

“Sempre que você experimente um estado de espírito tendente ao derrotismo, perdurando há várias horas, sem causa orgânica ou moral de destaque, avente a hipótese de uma influenciação espiritual sutil. (...) Dentre os fatores que mais revelam essa condição da alma, incluem-se:
- (...) indisposição inexplicável, tristeza sem razão aparente e pressentimentos de desastre imediato (...)”

Vemos, portanto, como a Doutrina Espírita aborda de forma responsável a questão dos pressentimentos. Orientados ao Bem, eles surgem apenas nos momentos adequados à nossa evolução moral e intelectual. As interações entre os dois planos da vida — o de matéria densa e o de matéria quintessenciada — devem ser feitas com responsabilidade, pois Espíritos de maior evolução não gastam seu tempo inspirando pressentimentos de adivinhações e assuntos banais. Foi o intercâmbio irresponsável com o plano espiritual que Moisés condenara, em citações como Deuteronômio 18:09-14 e Levítico 19:31. A interação entre os dois planos da vida em prol do Bem era utilizada tanto por Moisés (Números 11:26-29) como pelo Mestre Jesus (Marcos 09:38-40). Kardec, buscando trazer respostas dos Espíritos da Falange do Consolador a questões usuais, ilustra o tema em foco com estes ensinos [7]:

Por que, quando fazem pressentir um acontecimento, os Espíritos sérios de ordinário não determinam a data? Será porque o não possam, ou porque não queiram?
‘Por uma e outra coisa. Eles podem, em certos casos, fazer que um acontecimento seja pressentido: nessa hipótese, é um aviso que vos dão. Quanto a precisar-lhe a época, é frequente não o deverem fazer. Também sucede com frequência não o poderem, por não o saberem eles próprios. Pode o Espírito prever que um fato se dará, mas o momento exato pode depender de acontecimentos que ainda se não verificaram e que só Deus conhece. Os Espíritos levianos, que não escrupulizam de vos enganar, esses determinam os dias e as horas, sem se preocuparem com que o fato predito ocorra ou não. Por isso é que toda predição circunstanciada vos deve ser suspeita.
‘Ainda uma vez: a nossa missão consiste em fazer-vos progredir; para isso vos auxiliamos tanto quanto podemos. Jamais será enganado aquele que aos Espíritos superiores pedir a sabedoria; não acrediteis, porém, que percamos o nosso tempo em ouvir as vossas futilidades e em vos predizer a boa fortuna. Deixamos esse encargo aos Espíritos levianos, que com isso se divertem, como crianças travessas.
‘A Providência pôs limite às revelações que podem ser feitas ao homem. Os Espíritos sérios guardam silêncio sobre tudo aquilo que lhes é defeso revelarem. Aquele que insista por uma resposta se expõe aos embustes dos Espíritos inferiores, sempre prontos a se aproveitarem das ocasiões que tenham de armar laços à vossa credulidade.’” [7]

A benfeitora espiritual Joanna de Ângelis, na obra “Lições para a felicidade” [8], aconselha que analisemos os pressentimentos de forma clara e tranquila, quando ocorram, avaliando qual a mensagem de advertência ou socorro de que se fazem portadores. E conclui que, mantendo-nos em comunhão com os Espíritos Superiores, recebemos deles, por pressentimentos, notícias das ocorrências futuras, de modo a nos preparamos para melhor enfrentá-las e bem conduzi-las.


Leia também, neste blog, as postagens “Influência do Meio”, “Inspiração”, “Mediunidade na Bíblia”, “Causa da Obsessão”, “A Influência de ‘Maus’ Espíritos” e “O Bem e o Mal”.

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